terça-feira, 9 de janeiro de 2007

Deu um branco na História(Brasil-África, uma história omitida)


Retirados à força das suas terras,deixando de lado toda sua cultura, exportados como uma mercadoria de péssima qualidade,vindos em navios sem higiene, com todos os maus-tratos possíveis, essa violência era de forma tão brutal , que uma boa parte dos escravos, vindos nos navios negreiros, não suportavam e morriam.Quando chegados a tal lugar de destino, escravizados eram, tendo suas vidas traçadas pelos seus donos,sem direito à mais simples riqueza, a liberdade.
Assim, foram nascendo os afro-brasileiros, também sem liberdade, vivendo à margem de todos acontecimentos, futuramente tratados como acontecimentos históricos,mas teve um belo dia em que uma certa princesa, por sinal muito especial na história dos negros brasileiros, outorgou a lei , que dava liberdade aos negros, essa liberdade até hoje não aplicada.
A história da África e dos primeiros afro-brasileiros está contada nesta introdução, é mais ou menos assim que as escolas contam a nossa história, em poucos capítulos, e todos minuciosamente maquiados, mentirosos,totalmente diferente da Revolução Francesa, que ganha mais espaço do que toda a história Africana,vale ressaltar , que a tal revolução, tem um papel histórico importante e não deve perder espaço para nenhum fato, porque todo conhecimento a mais é bem-vindo.
Jovens e adultos negros não sabem quem foram seus antepassados, esse povo que não tem passado, mora em sua maioria nas novas senzalas, as favelas, onde serve de escravos para os seus novos donos, que não têm carta de posse, mas mandam e desmandam na sua vida.Mas nós não aprendemos na escola que a escravidão acabou no Brasil? Sim aprendemos que a escravidão acabou, aprendemos também que a miscigenação no nosso país foi feita de forma harmoniosa, negros, brancos e índios foram a base dessa nossa sociedade brasileira, mesclada, onde todos têm um pouco das três etnias formadoras,mesmo todos sabendo que as famílias dominantes não têm sequer uma presença negra e indígena nas suas formações.
A falta de informação deixa pessoas pensarem que o continente africano seja um país,não sabem que os seus antepassados vieram de diferentes regiões do tal continente, que falavam várias línguas ou dialetos, que tinham suas diferenças, mas como nos é contado parece que são todos iguais, que foram feitos em formas, igual ao boneco da moda.Os nossos elos foram cortados, não sabemos de qual nação somos filhos, somos um povo sem passado, mas uma lei vem nos ajudar, é difícil de se entender se quase metade da população brasileira é negra, por que sua ancestralidade para ser estudada tem que ser obrigada por uma determinada lei.
Questões difíceis de responder, ou sem nenhuma resposta racional, se você perguntar a um adolescente, quais são seus ídolos, dificilmente, você ouvirá o nome de uma personalidade negra, será que não existiram heróis negros? Em desenho animado creio que não, mas na história da humanidade sim, por que não citaram nomes como: Martin Luther King, Ângela Davis, Nelson Mandela,João Cândido, entre outros exemplos? Deve ser porque esses nomes são vistos sem sua devida importância pela escola e também pela mídia, ou até não são vinculadas como é o caso de : Ângela Davis e João Cândido.
Um dos principais viés da cultura de um povo é sua religião, quando se trata deste assunto, a situação piora, as religiões afro-brasileiras foram colocadas como praticantes de atos de maldade,são rejeitadas e desrespeitadas pelo cristianismo( esse sim praticante de atos que só fizeram mal a população brasileira),por ironia do destino, o catolicismo tem seus santos relacionados aos santos de religiões afro(sincretismo), forma usada para que os tais santos fossem cultuados.
Fatos não faltaram para ser contados,mas quem vai nos contar, se no próprio curso de história da UFPE, por exemplo, a matéria de história da África é uma matéria não obrigatória,deixando-a com uma importância menor que outras matérias do mesmo curso, essa situação mostra total desapreço em que está este caso, o pouco valor dado aos afro-brasileiros, está mais uma vez exposto, quem deveria ensinar a nossa historia, simplesmente, não é obrigado a aprendê-la.
Esta cultura oriunda dos afro-brasileiros não pode ser escondida no cotidiano, onde vemos sua presença atuante, na gastronomia, no vestuário, no vocabulário , palavras oriundas de línguas afro, na música, na dança , nas artes plásticas,esses viés é difícil de ser excluído porque são tradições passadas por gerações e fincadas na cultura brasileira, esta sim não faz acepção de raça, engloba todas etnias formadoras da sociedade brasileira, a cultura mostra que mesmo de forma desarmônica , tem espaço para todos.
Termos como: moreno, marrom bombom,mulato são usados para adjetivar os negros, eles não são chamados de negro, e sim de moreno ou mulato, muitas vezes os próprios afro-brasileiros se denominam de morenos, querendo esconder sua negritude, que os deixam num status melhor, é a negação da negritude,o embranquecimento dos negros torna-os pessoas mais benquistas pela sociedade racista(racismo embutido), mas é de conhecimento de muitos, que esta auto-afirmação, como um ser da raça negra, é o primeiro passo para a conquista do respeito, pois quando ele se diz negro, ele valoriza sua cultura, mostra de onde veio, mostra verdadeiramente quem ele é, mostra sua cara.
Mas nem tudo é só tristeza, com certeza hoje em dia os negros brasileiros, já se auto-afirmam mais que antigamente, nas ruas das nossas cidades já é muito fácil de ver jovens negros com cabelos no estilo afro, músicos como Jorge Ben, Sandra de Sá, Jorge Aragão,Wilson Simonal,Nei Lopes,Leci Brandão,Tim Maia, entre outros artistas,conseguiram cantar e escrever letras de auto-afirmação,aumentando a auto-estima da população negra, que se via nas letras das musicas, pela primeira vez se identificam com a arte exposta por esses artistas, que viraram popular, tanto pela qualidade artística de cada, quanto com a identidade popular deles, se identificando com uma parcela da população excluída.
O futuro está em branco também, se hoje as pessoas já conseguem desmentir o mito de que tivemos uma miscigenação pacifica, mesmo depois de 118 anos da “abolição da escravatura”, podem começar a querer cobrar que a verdade seja ensinada e que a verdadeira História não seja omitida das novas gerações, e que a história não fique mais em branco.

2 comentários:

Unknown disse...

porra negao ficou mto do krai
parabens pelo texto!!!
flw

Anônimo disse...

A questão negra no Brasil e no mundo é algo que tem peculiaridades bastante intrigantes.
Fazendo uma minunciosa verificação no que temos em nossos livros didáticos já temos a impressão de que algo foi devidamente manipulado em favorecimento aos detentores do poder, naquela época como tal como na atualidade, o que históricamente já é tido como absolutamente normal por boa parte da sociedade, que por sua vez aceita tudo pacivamente. Vejamos as Leis Sexagenário e Ventre Livre, ambas tiravam das costas dos senhores de escravos a carga de sustentar uma criança que não produz e um idoso sem condições nenhuma como força de trabalho. O o que era ofertado nestes casos? Absolutamente nada, para estes dois fardos retirados em benefício do lucro destes senhores. Bem, a forma como foi concedida a Lei Áurea é a mais absurda, pois ao exigir a queima de todos os títulos de posse se concedeu a liberação total de obrigações indenizatórias que pudesses ser requeridas a qualquer tempo. E após esta "liberdade"... para onde ir? São fatos que são apresentados sem exigir-se qualquer reflexão sobre a maldade velada por trás dos mesmos.

Sei, e conheço bem, toda carga de raçismo que temos no brasil. Não sou negro, sou contra um regime de quotas que apenas coloca os negros em situação contrangedora, pois a educação em nosso país é falida e não é oferecido acesso gratuitamente a quem realmente precisa, independente de cor, credo ou raça, e vejo as pessoas como elas são de fato, pelas suas idéias e a prática do que pregam. Bom seria não ter nenhum tipo de discriminação para tratar, mas já que existem devemos discuti-los sempre que possível.